Por Jayro Schmidt
Rainer Maria Rilke
Outro dia, numa conversa
amistosa sobre leitura, me perguntaram o que o livro significa para mim.
A pergunta por alguns
segundos filtrou-se na mente e, por conta própria, deu a resposta: O livro é
meu segredo.
A resposta não
interrompeu o diálogo, mas a pessoa que fez a pergunta ficou em silêncio para
saber qual o segredo, no caso o dela mesmo, o que me faz pensar no livro como o
melhor amigo do homem por guardar segredos para cada um dos leitores.
Segredos são para serem
guardados, embora possam ser compartilhados por outras vias que, de uma maneira
ou de outra, é o que os escritores fazem quando decidem confiar às palavras os
mistérios que estão no interior da cultura que parece estar toda abrigada em
seu pensamento.
Sendo assim, os
escritores dizem o que sentimos, mas que não sabemos exprimir. E ainda mais: os
escritores vão mais longe e trazem distâncias que na realidade estão bem perto.
Se um escritor escreve um
poema, digamos Rainer Maria Rilke, esta distância desaparece porque os poetas
não afagam as palavras a contrapelo.
O poeta Rainer Maria
Rilke, que era completamente atento a pequenas coisas secretas, uma vez quis
apanhar uma flor, obtendo um ferimento de espinho. A flor era a rosa e lhe
segredou um poema que diz tantas coisas que vivemos. O poema foi escrito em
alemão e guarda a cada um o seu segredo.
Rosa, oh pura contradição, alegria
de ser o sono de ninguém sob tantas
pálpebras.
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