Redação do blog
Clarice Lispector (1920-1977), ficcionista brasileira
nascida em Tchetchelnik, Ucrânia. Seu livro de estreia, Perto do coração selvagem, é uma obra-prima, como também A paixão segundo G.H., mas isso foi
reconhecido somente depois da autora passar por entraves editoriais típicos de
um país subdesenvolvido, despreparado para admitir que não existe apenas uma
linguagem, mas várias.
Clarice Lispector foi uma ficcionista avançada, à
altura de Oswald de Andrade, Graciliano Ramos e, claro, Guimarães Rosa.
Tanto é que a poeta norte-americana Elizabeth Bishop, que
viveu no Rio de Janeiro e conheceu Clarice Lispector, ficou fascinada com suas
narrativas breves, traduzindo-as, e numa carta dizendo que ela era melhor do
que Jorge Luis Borges.
Na verdade,
eu a acho melhor que J. L. Borges – que é bom, mas também não é essas coisas,
não!”
Polêmicas à parte, o parecer de Bishop faz com que se
pense que a ficção de Clarice Lispector iria além das fronteiras da língua
portuguesa, como de fato foi. (J.S.)
4 comentários:
Borges foi mais longe, Clarisse foi mais fundo.
Aí, Ballestero, boa observação com o longe de Borges e o fundo de Clarice - que se equivalem: o longe fundo e o fundo longe, algo assim como acontece com o sabor e o saber.
Borges foi mais longe porque fugía de sus laberintos ("Sou um cobarde"), Clarisse no fundo se refugiaba perto do coraçao selvagem ("Sou como você me vê").
Borges criou labirintos para deles fugir, Clarice comeu a barata. Se não fosse isso, como poderia continuar escrevendo depois de tanta paixão?
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