Redação do blog
W.B. na Biblioteca Nacional da França, Paris, foto de Gisèle Freund,
1937
Assim como os demais jovens de sua época, Benjamin
pensava em uma reforma da educação, Bildung,
com a crítica da cultura, Kulturkritik.
Para escapar do exército alemão, Benjamin foi para a
Suíça, conhecendo o filósofo marxista Ernst Bloch, ao mesmo tempo defendendo
seu doutorado, na Universidade de Berna, com a tese O conceito de crítica de arte no romantismo alemão.
Ao retornar a Berlim, ampliou sua simpatia pelo
marxismo através de Asja Lacis e Bertold Brecht, além de prosseguir em suas
aspirações acadêmicas com um ensaio sobre Goethe, seguido pela tese de
livre-docência, Origem do drama barroco
alemão. Benjamin foi “desaconselhado” a apresentar esta obra controvertida,
magistral, o que de fato aconteceu e marcou a definitiva ruptura com a vida
acadêmica.
Outras rupturas se seguiram, expatriando-o cada vez
mais, enquanto fundava uma nova recepção para a filosofia, sempre tendo em vista
as linguagens artísticas.
No transcurso da década de 1920, Benjamin traduziu
Baudelaire, Proust, Saint-John Perse, leu Louis Aragon e iniciou a obra máxima,
Passagen-Werk, Obra das Passagens.
Com a gradual ascensão de Hitler ao poder, Benjamin
foi viver em Paris, ainda bolsista do Instituto de Pesquisa Social, no qual se
formou a Escola de Frankfurt.
Em 1939 soube que foi destituído da cidadania alemã, e
em vão foram as tentativas de obter a cidadania francesa. No início da invasão
alemã, juntamente com outros concidadãos, foi confinado em um estádio olímpico
de Paris, em seguida transferido para a província, Vernuche, nas proximidades
de Nevers.
Liberto, voltou a Paris em 1940 e escreveu Sobre o conceito de história, teses
contra a “ideologia do progresso” incentivada pelo fascismo.
Com o armistício, Vichy prometeu entregar aos nazistas
os refugiados alemães, motivo suficiente para Benjamin fugir de Paris em
direção de Lourdes, Pirineus. Sem documentos, esgotado, na fronteira entre a
França e a Espanha ingeriu morfina e entrou na história do pensamento como o
“estrangeiro de nacionalidade indeterminada, mas de origem alemã”.
Walter Benjamin
1892 – 1940
Filosof Alemany.
Hannah Arendt, amiga de Benjamin: “Não foi possível
encontrá-lo, seu nome não estava em lugar nenhum”.
O cemitério
dá para uma pequena baía, diretamente em frente ao Mediterrâneo; está talhado
num rochedo em terraços; os caixões também estão colocados em tais muros de
pedra. É de longe um dos lugares mais fantásticos e mais lindos que vi na minha
vida.
Gurland, uma senhora que cruzou a fronteira e acompanhou
a agonia de Benjamin, voltou ao lugar e presenciou visitantes, aos quais era
mostrado um túmulo “com o nome de Benjamin rabiscado numa madeira. As
fotografias que tenho à minha frente indicam claramente que este túmulo,
completamente isolado e separado das verdadeiras tumbas, é uma invenção dos
guardas do cemitério, que em vista do grande número de indagações, queriam
receber umas gorjetas. Visitantes que lá estiveram me informaram que haviam
tido a mesma impressão. Decerto, o lugar é lindo; o túmulo é apócrifo”. (J.S.)
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