terça-feira, 9 de abril de 2013

Estrangeiro (Walter Benjamin)

Redação do blog


W.B. na Biblioteca Nacional da França, Paris, foto de Gisèle Freund, 1937


Assim como os demais jovens de sua época, Benjamin pensava em uma reforma da educação, Bildung, com a crítica da cultura, Kulturkritik.
Para escapar do exército alemão, Benjamin foi para a Suíça, conhecendo o filósofo marxista Ernst Bloch, ao mesmo tempo defendendo seu doutorado, na Universidade de Berna, com a tese O conceito de crítica de arte no romantismo alemão.
Ao retornar a Berlim, ampliou sua simpatia pelo marxismo através de Asja Lacis e Bertold Brecht, além de prosseguir em suas aspirações acadêmicas com um ensaio sobre Goethe, seguido pela tese de livre-docência, Origem do drama barroco alemão. Benjamin foi “desaconselhado” a apresentar esta obra controvertida, magistral, o que de fato aconteceu e marcou a definitiva ruptura com a vida acadêmica.
Outras rupturas se seguiram, expatriando-o cada vez mais, enquanto fundava uma nova recepção para a filosofia, sempre tendo em vista as linguagens artísticas.
No transcurso da década de 1920, Benjamin traduziu Baudelaire, Proust, Saint-John Perse, leu Louis Aragon e iniciou a obra máxima, Passagen-Werk, Obra das Passagens.
Com a gradual ascensão de Hitler ao poder, Benjamin foi viver em Paris, ainda bolsista do Instituto de Pesquisa Social, no qual se formou a Escola de Frankfurt.
Em 1939 soube que foi destituído da cidadania alemã, e em vão foram as tentativas de obter a cidadania francesa. No início da invasão alemã, juntamente com outros concidadãos, foi confinado em um estádio olímpico de Paris, em seguida transferido para a província, Vernuche, nas proximidades de Nevers.
Liberto, voltou a Paris em 1940 e escreveu Sobre o conceito de história, teses contra a “ideologia do progresso” incentivada pelo fascismo.
Com o armistício, Vichy prometeu entregar aos nazistas os refugiados alemães, motivo suficiente para Benjamin fugir de Paris em direção de Lourdes, Pirineus. Sem documentos, esgotado, na fronteira entre a França e a Espanha ingeriu morfina e entrou na história do pensamento como o “estrangeiro de nacionalidade indeterminada, mas de origem alemã”.

Walter Benjamin
1892 – 1940
 Filosof Alemany.

Hannah Arendt, amiga de Benjamin: “Não foi possível encontrá-lo, seu nome não estava em lugar nenhum”.

O cemitério dá para uma pequena baía, diretamente em frente ao Mediterrâneo; está talhado num rochedo em terraços; os caixões também estão colocados em tais muros de pedra. É de longe um dos lugares mais fantásticos e mais lindos que vi na minha vida.

Gurland, uma senhora que cruzou a fronteira e acompanhou a agonia de Benjamin, voltou ao lugar e presenciou visitantes, aos quais era mostrado um túmulo “com o nome de Benjamin rabiscado numa madeira. As fotografias que tenho à minha frente indicam claramente que este túmulo, completamente isolado e separado das verdadeiras tumbas, é uma invenção dos guardas do cemitério, que em vista do grande número de indagações, queriam receber umas gorjetas. Visitantes que lá estiveram me informaram que haviam tido a mesma impressão. Decerto, o lugar é lindo; o túmulo é apócrifo”. (J.S.)


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