Poema sem título de Érico Max Müller
Detalhe de "Ninfa da primavera", pintura de Lucas Cranach
O
que eu proponho é que se erga de vós
a
mágica do coração,
que
se restaure em vós
o
gosto da relva.
O
que eu proponho é que se acumule em vós
o
polvo de pernas e braços intranqüilos,
a
saliva imersa em cinzas.
Sejam
instrumentos de vigília
na
célula dos estandartes bipartidos;
agora
é o momento intemporal dos irmãos,
quando
as marés semeiam espinhos
no
supremo abraço dos afogados.
Justo
aos que não suportarem o impacto
dedicarei
a presença mais completa.
Pois
a insegurança nos é semelhante,
e
onde giram pontes também giramos nós,
e
deciframos o copo e o leite.
Transformados
como sempre estivemos
Aguardamos
o contágio astral.
(Extraído de Ao corpo circunscrito, Edições Livros da
Ilha, Florianópolis, 1966)
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