terça-feira, 16 de abril de 2013

Poeta Revolucionário (Maiakovski)

Redação do blog




Para o formalista russo Roman Jakobson, a Rússia de Lênin e de Trotski esbanjou poetas. Vladimir Vladímirovitch Maiakovski, 1893-1930, foi um deles. Além de poeta, Maiakovski foi dramaturgo, teórico do cubo-futurismo e ativista do socialismo, dando continuidade à oralidade da poesia, porém com novas formas por acreditar que a revolução social estava associada à revolução da linguagem. Nessa tradição, desde Pushkin, os poetas representavam a sociedade que progrediu politicamente até Stálin tomar o poder e instaurar o terror totalitarista. O suicídio do poeta foi motivado por esse desvio, portanto um ato de dignidade assim como foram dignas suas ações ideológicas por meio da palavra totalmente crítica e dialética ao descartar o que do passado havia estagnado a consciência, preservando a alma do povo russo naquela perspectiva que somente Trotski teve a lucidez de discernir: mudar politicamente uma nação poderia ser problemático, mais ainda mudar sua cultura da noite para o dia. Trotski não foi ouvido, a não ser pelos artistas, cada qual com suas expressões de vanguarda que coincidiam com as vanguardas europeias. A vanguarda de Maiakovski foi a do eu no outro e sua presença em laços apertados que quis romper com a visão do por vir, a vontade do poeta, em suas palavras “lançada além do limite derradeiro” para “arrancar alegria ao futuro”. Para Maiakovski a Rússia havia sido transformada em um “curral”. (J. S.)

No outono,
inverno,
primavera,
verão

Durante o dia
durante o sono
não aceito
odeio tudo isto
Tudo
que em nós
foi cravado por um passado de escravos
tudo
que como um enxame
assentava-se
e assentou-se como rotina
até mesmo no nosso
regime de bandeira vermelha.


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