Redação do blog
Para
o formalista russo Roman Jakobson, a Rússia de Lênin e de Trotski esbanjou
poetas. Vladimir Vladímirovitch Maiakovski, 1893-1930, foi um deles. Além de
poeta, Maiakovski foi dramaturgo, teórico do cubo-futurismo e ativista do socialismo,
dando continuidade à oralidade da poesia, porém com novas formas por acreditar
que a revolução social estava associada à revolução da linguagem. Nessa
tradição, desde Pushkin, os poetas representavam a sociedade que progrediu
politicamente até Stálin tomar o poder e instaurar o terror totalitarista. O
suicídio do poeta foi motivado por esse desvio, portanto um ato de dignidade
assim como foram dignas suas ações ideológicas por meio da palavra totalmente
crítica e dialética ao descartar o que do passado havia estagnado a
consciência, preservando a alma do povo russo naquela perspectiva que somente
Trotski teve a lucidez de discernir: mudar politicamente uma nação poderia ser
problemático, mais ainda mudar sua cultura da noite para o dia. Trotski não foi
ouvido, a não ser pelos artistas, cada qual com suas expressões de vanguarda
que coincidiam com as vanguardas europeias. A vanguarda de Maiakovski foi a do
eu no outro e sua presença em laços apertados que quis romper com a visão do
por vir, a vontade do poeta, em suas palavras “lançada além do limite
derradeiro” para “arrancar alegria ao futuro”. Para Maiakovski a Rússia havia
sido transformada em um “curral”. (J. S.)
No outono,
inverno,
primavera,
verão
Durante o dia
durante o
sono
não aceito
odeio tudo
isto
Tudo
que em nós
foi cravado
por um passado de escravos
tudo
que como um
enxame
assentava-se
e assentou-se
como rotina
até mesmo no
nosso
regime de
bandeira vermelha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário