sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

BLOG DESCONTINUADO e NOVO SITE


O blog Almenara será descontinuado e não teremos mais atualizações.

Jayro tem um novo endereço:  https://jayroschmidt.wixsite.com/paralaxe

Abraço
Romulo Schmidt

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

PAUSA NO BLOG


Amigos leitores, estou dando uma pausa nas atividades do blog. Preciso de novas ideias e motivação pra continuar. Agradeço a todos que comentaram, curtiram e compartilharam as postagens. O blog continua aberto para visitas e comentários.

Abraço
Romulo Schmidt

NÃO SEI AONDE

Por Jayro Schmidt
 


Nas pesquisas que faço sobre mentes geracionais, não sei aonde anotei que os velhos têm algum interesse pela vida porque conservam, como distração, as manias.
Manias todos têm, o que é humano, ou melhor dizendo, somos humanos porque temos manias. Os velhos têm a principal, que é a leitura de seus livros para trás como se fossem crianças, que vivem no mundo às avessas. São felizes por isso, porém se não receiam o estar encadernados entre duas capas, e olhando suas vidas em espelhos que refletem as imagens do passado no presente que escapa rapidamente e aumenta a certeza de que a leitura para trás não vai se completar.
Pouco importa o finito, assim como não importa às crianças que aprendem a ter futuro sem querer deixar de ser o que são. Nem todos aprendem isso, e, pensando bem, pouco se aprende depois que se nasce. Tempo haveria para tanto, mas o tempo é pouco para desaprender a finitude, a formidável ilusão, inútil em muitos sentidos. A ilusão pode ser útil, pelo menos quando é semelhante aos raios que uma lâmpada acesa emite como se fossem barbas de gato.
Ao repetir esse comentário em voz alta, o meu estimado gato montês pareceu querer me dizer que barbas de felinos podem aparecer em lâmpadas apagadas. Com um gato, como se sabe, não se discute em nenhuma circunstância. Isso aprendi em ensaios escritos por Marcel de Montaigne, que tem costumes gatográficos e vive numa torre interligada à sua residência, estratégia para ter um pouco de solidão e se esquivar dos transtornos domésticos.
Ao que parece, essa é a mania de Jean de Montaigne, viver num lugar secreto que se alcança por um corredor subterrâneo, se bem que isso ele não necessita porque não é incomodado pela mulher, que sabe que um longo casamento precisa de duas torres, uma que existe e outra que se imagina.
Os detalhes no interior de uma torre são os de todas as torres, mas a de Michel de Montaigne é a do estudo de uma lâmpada que emite raios mesmo apagada, o que lembra meu irmão mais velho, o único que tenho e que durante as férias, depois de passear pela cidade visitando redações de jornais, comprando livros, gravatas e camisas, voltava radiante para casa que, naquele tempo, as lâmpadas eram apagadas cedo, pois cedo era o dia seguinte e todos tinham que ir para a cama.
Apesar de não saber o significado de seu nome, Ivan, ele sempre me lembra o nome de quem se acomoda na cama, acende uma vela para ler até tarde da noite. Na época eu ainda não sabia ler, mas agora, lendo meu livro para trás, sei que lia barbas de gato nas chamas ao ver sua imagem semelhante à de um anjo sob a luz fraca da vela.
Qualquer dia escreverei um conto sobre essa vela acesa, que sempre está acesa na mente de crianças, jovens e velhos que sabem que ler exige apenas um lugar sossegado.


O AMIGO E A FLOR

Por Jayro Schmidt


Rainer Maria Rilke


Outro dia, numa conversa amistosa sobre leitura, me perguntaram o que o livro significa para mim.
A pergunta por alguns segundos filtrou-se na mente e, por conta própria, deu a resposta: O livro é meu segredo.
A resposta não interrompeu o diálogo, mas a pessoa que fez a pergunta ficou em silêncio para saber qual o segredo, no caso o dela mesmo, o que me faz pensar no livro como o melhor amigo do homem por guardar segredos para cada um dos leitores.
Segredos são para serem guardados, embora possam ser compartilhados por outras vias que, de uma maneira ou de outra, é o que os escritores fazem quando decidem confiar às palavras os mistérios que estão no interior da cultura que parece estar toda abrigada em seu pensamento.
Sendo assim, os escritores dizem o que sentimos, mas que não sabemos exprimir. E ainda mais: os escritores vão mais longe e trazem distâncias que na realidade estão bem perto.
Se um escritor escreve um poema, digamos Rainer Maria Rilke, esta distância desaparece porque os poetas não afagam as palavras a contrapelo.
O poeta Rainer Maria Rilke, que era completamente atento a pequenas coisas secretas, uma vez quis apanhar uma flor, obtendo um ferimento de espinho. A flor era a rosa e lhe segredou um poema que diz tantas coisas que vivemos. O poema foi escrito em alemão e guarda a cada um o seu segredo.

Rosa, oh pura contradição, alegria
de ser o sono de ninguém sob tantas
pálpebras.


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

DESTINAÇÃO

Da Redação




O intempestivo Nietzsche, em Ecce Homo, declarou que é preciso suplantar a necessidade com o Amor fati, “Amor do destino”, isto é, o sentimento que se cria por conta própria. Tudo o mais, segundo o pensador, é hipocrisia. Ecce homo é “Eis o homem”.


AUTORRETRATO

Da Redação




Salvador Rosa – Nápoles, 1615 / Roma, 1673
Pintor, gravador, poeta, músico e ator.

A inscrição em latim, na placa, diz: “Cala-te, a não ser que
o que tenhas a dizer seja melhor que o silêncio”.


O BICHO

Manuel Bandeira





Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.


terça-feira, 5 de novembro de 2013

MALLARMÉ

Da Redação




“Um poema é um mistério cuja chave deve ser
procurada pelo leitor”.


KAFKIANAS

Da Redação




No passado eu não compreendia por que não encontrava respostas às minhas perguntas; hoje não compreendo como podia acreditar que pudesse perguntar. Entretanto eu não acreditava, perguntava somente.
*
Não existe nenhum possuir, somente um ser, somente um ser exigente até o último alento, até a asfixia.
*
Afirmam as gralhas que bastaria uma só delas para destruir o céu. Não há dúvida a esse respeito, mas isso nada prova contra o céu, pois o céu na verdade significa: impossibilidade de gralhas.



(Extraído de 28 Desaforismos, tradução de Silveira de Souza, Bernúncia Editora / Editora da UFSC).


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

ANTROPOMETRIA

Da Redação





Antropometria. Experimento com a orientação de Yves Klein. Consiste em marcas deixadas em tecidos e papéis por corpos recobertos com uma cor-padrão, o azul, com fórmula própria para estratégias artísticas. A antropometria, com o corpo nu em ação, foi chamado de “pincel vivo”. Salvador Dali fez experiências no mesmo sentido, porém com ouriços embebidos com tinta oleosa, os quais agiam sobre a superfície de pedras litográficas que foram sensibilizadas e impressas.



SOL E SOMBRA

Por Jayro Schmidt




Nas caminhadas no final da tarde assisti uma cena comum, porém com uma pitada de sal.
O pai de uma garota dizia a ela para não ficar andando na rua e voltar para casa. A garota, ladina, disse a ele que a “rua é pública”.
Isso me fez, em seguida, lembrar uma expressão latina que se tornou popular e chegou aos nossos dias: Sol lucet omnibus, “O sol brilha para todos”.
A origem da expressão encontra-se em Satyricon, de Petrônio. Encolpius, o narrador, observa que o poeta Eumolpus, seu companheiro de viagem, está atraído por sua amada, Giton. Para se acalmar, pondera que uma jovem tão bela alegra outros homens. Então, conformado, empregou a frase citada.
Como todas as expressões acabam sendo adaptadas, ao “sol brilha para todos” acrescentou-se: “e a sombra é dos espertos”.



quarta-feira, 30 de outubro de 2013

CATEQUESE POÉTICA

Da Redação




A Catequese Poética foi um movimento de poesia levado a efeito pelo catarinense Lindolf Bell em 1964, não no primeiro de abril do mesmo ano como foi o golpe militar que manteve o país sob repressão e censura, situação agravada com os atos institucionais que resultaram em prisões, torturas, desaparecimentos, assassinatos, suicídios e exílios. E ainda há quem diga que tem saudade daquele tempo, digamos remanescentes fascistas, pessoas que se forem chamadas de ignorantes é elogio.
A Catequese reuniu vários poetas com a proposição de levar a poesia diretamente ao público com a oralidade: em escolas, praças, escadarias, viadutos, clubes, teatros e bares. Reuniu, em quase um ano de manifestações, mais de oitenta mil pessoas, comprovando o que seu idealizador disse alguns anos depois:

NINGUÉM CONSOME POESIA, PORQUE NINGUÉM LEVA POESIA

Lindolf Bell também declarou que os efeitos da Catequese foram revolucionários, o que mudou “a imagem do poeta”, tornando-o parte do processo histórico, o poeta e sua responsabilidade política, se bem que o movimento não pretendeu ser uma ideologia, e sim a manifestação da liberdade de expressão que naquela época esteve sob os coturnos e patas de cavalos, isso para não ir mais longe.



segunda-feira, 28 de outubro de 2013

PERSPECTIVA CURIOSA

Da Redação


Pintura de Cézanne



É a perspectiva, também chamada de curiosa, que rompe os limites convencionais da representação. Foi estudada no século 18 pelo matemático francês Jean François Niceron no tratado Thaumaturgus opticus. Transcende o físico e faz parte da quarta dimensão, sendo a deformação ótica proposital provocada pela desproporção entre o longitudinal e o transversal. Na biologia é a evolução contínua e, na matemática, o mapeamento de uma função. O termo é de origem grega, anamorphosis.



sexta-feira, 25 de outubro de 2013

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

OBSESSÃO

Da Redação





Pablo Picasso, pintor a vida inteira, obsessivo a ponto de pintar com lanterna ao desafiar o tempo de realização da obra como se o que define a imagem é o instante de seu aparecer, o resto ficando como elaboração, trabalho de detalhes.



quarta-feira, 23 de outubro de 2013

MASC MUSEU MUSICAL

Divulgação




Fundação Catarinense de Cultura e o Museu de Arte de Santa Catarina 
iniciam o projeto MASC MUSEU MUSICAL.
Museu idéia, com novas áreas de respiro e voltado cada vez mais para o desenvolvimento contemporâneo e de vanguarda.
Museu comprometido com a gestão democrática e participativa, que oferece Música e Arte para o espaço expositivo museal. 
Museu que visa gerar transformações intelectuais, emocionais, educativas e sócio culturais, atraindo públicos de todas as idades. 
Museu que oportuniza também o conhecimento e a fruição das exposições que aqui acontecem.
As exibições musicais ocorrerão uma vez por mês, nas noites de quintas-feiras, e serão 
apresentadas por músicos de diversos gêneros e estilos. Com isso, teremos bossa-nova, jazz, 
chorinho, tangos e muita música erudita, além de pequenos grupos de dança.
Caberá ao grupo erudito SC PIANO TRIO o privilégio da primeira exibição, 
agendada para o dia 31 de outubro de 2013, às 19h30min no espaço central do museu.
O repertório musical do grupo é composto de obras que vão do erudito ao popular e combinam diversas formações musicais.
| Exposições de Curta Duração |
   - Andersen em Florianópolis -
    - Três Fotógrafos Noruegueses -
    - Olhar Estrangeiro (Acervo do MAC) -
Abertura: 14/10/2013 - Visitação: até 01/12/2013
| Exposição Longa Duração |
    - MASC: Tempo, Espaço e Arte -
Horário de funcionamento: 
Terça à Sábado: 10h às 20:30h
Domingos e Feriados: 10h às 19:30h
Endereço:
Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5600 - Florianópolis/SC 
Fones: (48) 3953-2319 / (48) 3953-2380


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

PINTURA COM CHEIRO DE SANGUE

Por Jayro Schmidt





No prédio da famosa Loja de Departamentos Harrods, em Londres, há uma inscrição que diz omnin omnibus ubique, tudo para todos em toda parte.
O apelo comercial da frase tem ares bem monárquicos, mas adultera o que de fato poderia ser. Bem sabemos que naquele lugar, ou em qualquer outro, as coisas não são assim. Aliás, por falar nisso, a maior parte de nosso achatado (alguns preferem chato) planeta é um não-lugar.
A dita inscrição me fez lembrar um cara singular, Francis Bacon, pintor. Digo pintor porque há outro cara com o mesmo nome, um dos pioneiros da ciência moderna.
Bacon, antes de ver pinturas de Picasso, jamais pensou que poderia fazer o mesmo. O impacto foi tão grande que resolveu pintar, mas decepcionando-se com o resultado.
Mais tarde ele constatou que a decepção sobreveio porque tudo foi provocado por uma experiência estética, e não através de algo mais visceral – de sua subjetividade. Isso aconteceu quando dava uma banda na tal Harrods, que em seu tudo, exagera no que se engole mastigado ou não.
Ao aproximar-se de um açougue, Bacon foi arrebatado pelas carnes expostas. Ali então ele teve completamente o que o levou a pintar sem parar mais, e sem saber por que certas coisas têm essa força incontrolável que passa (isso ele sabia) pelo instinto ou pela intuição.
Bacon uma vez declarou que se surpreendia por “não estar ali, no lugar dos nacos de carne”. Nestas alturas ele já havia encontrado uma frase de Ésquilo, que adaptou:

O cheiro de sangue humano não desgruda seus olhos de mim.

A isso Bacon chamou de “disparador”, isto é, o que motiva se realizar a pintura, nesse caso com cheiro de sangue, conforme suas palavras “a carne do homem como se ela se espalhasse para fora do corpo, como se ela fosse sua própria sombra”.


Esta e outras conclusões de Bacon coincidem com as de seu homônimo, o filósofo Francis Bacon, que escreveu o tratado Sobre os meios de morrer, adiar a velhice e restaurar as forças vitais, obra que o pintor não conhecia, pois o manuscrito foi descoberto na Inglaterra e publicado em francês em 1984.
Nas conversas de Frank Maubert com Bacon pintor, ele afirmou que o texto de observação e descrição científicas “veio fortuitamente esclarecer e pôr em correspondência o trabalho do pintor com o do pensador, seu grande ancestral”. O parentesco entre as observações empíricas de Bacon cientista e as expressões de Bacon pintor sobre a morte não se limita a um ou outro caso.
O Bacon cientista constatou que alguns corpos evolam. Corpos que se tornam ocos, ressonantes, ásperos, emaranhados, nos quais se vê a migração com a atenuação e a fuga da matéria. Nos corpos mais flexíveis, compactos e porosos, a migração tem o nome mais provável do que supostamente ocorre depois da vida: “o espírito não encontra passagem e meios pelos quais evolar-se secretamente, mas impele claramente para diante de si as partes espessas que ele estendeu e modelou, e as impele com violência para a superfície do corpo”.
Dos experimentos empíricos de Bacon, esse é o que mais situa a pintura de Bacon que, enfim, merece outra inscrição, a que se lê na entrada da Capela dos Ossos, em Évora, Portugal: “Nos ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos”.



quinta-feira, 17 de outubro de 2013

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

MULHER OU MANEQUIM?

Fotografia de Márcio H. Martins




segunda-feira, 14 de outubro de 2013

TUPI APAIXONADO

Tradução de Jayro Schmidt



catiti catiti

imara notiá

notiá imara

ipeju

lua nova lua nova

minhas lembranças

lembranças minhas

sopre em seu coração

ANALOGIA DE LINGUAGEM

Da Redação


André Derain                               Anita Malfatti


Para tornar compreensíveis as diversificadas expressões da arte moderna e contemporânea, adota-se a montagem de obras de uma exposição considerando-se suas naturezas técnicas e estéticas. Desta maneira é obtida uma correlação de linguagens ou de morfologias que estabelecem um princípio ordenador do fazer artístico.



sexta-feira, 11 de outubro de 2013

RAINHA DAS ÁGUAS

Pintura de Eduardo Lhullier




ANTROPOFAGIA

Da Redação




Antropofagia. Devoração crítica de tradições culturais e artísticas, sobretudo de origens europeias. Concebida por Oswald de Andrade após a eclosão histórica da Semana de 22, em São Paulo, a antropofagia é uma inventividade especificamente brasileira que procurou reavaliar e combater o enquadramento gratuito das vanguardas internacionais. “Abaporu”, homem que come, pintura de Tarsila do Amaral, foi realizada com a poética antropofágica sugerida por Oswald de Andrade.



quinta-feira, 10 de outubro de 2013

SEM PALAVRAS

Escultura de Javier Vellé




Javier Vellé, que passa uma temporada em Florianópolis, é escultor espanhol



quarta-feira, 9 de outubro de 2013

SOLILÓQUIO

Érico Max Müller





Poema sem título de Érico Max Müller, extraído de Um anjo morto na encosta.

Fotografia de Ingo Schmidt