Redação do blog (J.S)
Angelus novus, pintura do suíço Paul Klee, que
viveu na Alemanha entre as duas Grandes Guerras e foi professor da Bauhaus,
instituto de artes fundado pelo arquiteto Walter Gropius. A obra foi adquirida
por Walter Benjamin no próprio ateliê do artista. Após a morte de Benjamin, a
mesma foi confiada a seu amigo hebraísta Gershon Scholem, doando-a ao Museu de
Arte de Jerusalém. Benjamin foi um dos primeiros pensadores contemporâneos a
encontrar respostas filosóficas na iconografia, dentre as quais destaca-se a do
anjo de Klee.
A
angiologia é um dos temas centrais da literatura e das artes visuais do norte
europeu desde os barrocos, passando pelos românticos, simbolistas e
estendendo-se aos expressionistas. Benjamin integra-se a essa tradição com Teses da História, especificamente com a
nona tese, na qual a imagem do anjo de Klee foi transformada numa imagem
textual, que ao referenciar o passado e o futuro, situou o agora da história
entre dois mundos paralelos e antagônicos numa dialética fantástica ao permear
marxismo e messianismo. A força gerativa da nona tese tem sido fonte de muitos
estudos, e, praticamente, sintetiza o pensamento benjaminiano:
Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus.
Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara
fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas.
O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está voltado para o
passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe
única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as espalha a nossos pés.
Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os detritos. Mas uma
tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele
não pode mais fechá-las. Essa tempestade o empurra irresistivelmente para o
futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o acúmulo de ruínas cresce até o
céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso.
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