Alguns pesquisadores
norte-americanos chegaram à conclusão de que o silêncio absoluto existe. Para
tanto, construíram um recinto à prova de todo e qualquer ruído sem levar em
consideração que alguém poderia constatar o contrário, pois o silêncio, assim
como tudo que se dá no tempo e no espaço, são relativos.
E quem demonstrou isso
foi um músico, John Cage, que sempre trabalhou o som subentendido no silêncio.
Para Cage, e para os músicos em geral, o ruído ainda não é música, e a música,
convenhamos, é o silêncio que cala o ruído.
Simples não? Nem
tanto, sobretudo para os pesquisadores do absoluto. Esse princípio para eles
era uma engenhosa mística, no que estavam enganados. Cage entrou no recinto com
luvas, vestimentas e calçados adequados para que nada interferisse no silêncio,
mas os pesquisadores não haviam pensado no mais essencial: Cage ouviu as
batidas do coração.
Além desse fato,
pode-se ouvir o silêncio, como também se pode vê-lo como fizeram os fotógrafos
desta exposição, cada qual com um olhar específico em imagens analógicas e
imagens conceituais. Apesar das diferenças de focos de cada um, eles não
poderiam deixar de visar o extremamente quieto e exprimir o limite que separa o
som do ruído para poderem visualizar o silêncio. E o silêncio, inevitavelmente,
está associado ao solitário, ao ignoto, ao abandonado, ao falecido.
Pois são nestes
lugares que o silêncio fala, seja num ponto perdido no espaço, nas últimas gotas
de remédio, no olho do redemoinho, no cachorro dormindo, na textura da ausência,
nos retratos se apagando e no reflexo do pescador.
As imagens de
silêncios aqui expostas, conclui-se, foi um desafio para os fotógrafos e são
agora para você que, distraído ou atento, vai se perguntar: onde está e o que é
o silêncio.
Muitas serão as
respostas nas vozes silenciosas que estão nas percepções.
Alessandra Knoll
Danísio Silva
Eliane Quadro
Gilliard Lach
Heloísa Caminha Bradacz
Maria Helena Rosa Barbosa
Rosemary Busko
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