quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Êmulo (Cruz e Sousa)

Redação do blog



O poeta Cruz e Souza nasceu na antiga Desterro, 1861-1898, hoje Florianópolis. Foi ponto de teatro, como se isso reafirmasse a sua invisibilidade numa época em que predominava a pseudociência positivista que procurava provar que os afrodescendentes não tinham capacidade intelectual. A acanhada vida literária na província motivou a ida de Cruz e Sousa para o Rio de Janeiro, naquela época cenário de consideráveis mudanças que deixavam à vista dois regimes paralelos e antagônicos, o da monarquia capenga e o da república incipiente. O poeta de Desterro foi um dos principais ativistas de liberações, do abolicionismo especificamente, que levou muito tempo para sair do papel. Com aguda percepção relacionada com problemáticas existenciais, Cruz e Sousa chegou a dizer que não discutia pessoas, porém ideias. E tais dilemas ele condicionou no símbolo, animista e místico tal como vinha expandindo-se na França com Mallarmé e seus epígonos, a ponto de Roger Bastide dizer, muitos anos depois quando esteve no Brasil, que sua poética evocava “uma busca espiritual”. Cruz e Sousa, ao representar a emulação de uma época, foi um dos fundadores da poesia moderna em língua portuguesa. (J.S.)



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