Redação do blog
O
poeta Cruz e Souza nasceu na antiga Desterro, 1861-1898, hoje Florianópolis.
Foi ponto de teatro, como se isso reafirmasse a sua invisibilidade numa época
em que predominava a pseudociência positivista que procurava provar que os
afrodescendentes não tinham capacidade intelectual. A acanhada vida literária
na província motivou a ida de Cruz e Sousa para o Rio de Janeiro, naquela época
cenário de consideráveis mudanças que deixavam à vista dois regimes paralelos e
antagônicos, o da monarquia capenga e o da república incipiente. O poeta de
Desterro foi um dos principais ativistas de liberações, do abolicionismo
especificamente, que levou muito tempo para sair do papel. Com aguda percepção
relacionada com problemáticas existenciais, Cruz e Sousa chegou a dizer que não
discutia pessoas, porém ideias. E tais dilemas ele condicionou no símbolo,
animista e místico tal como vinha expandindo-se na França com Mallarmé e seus
epígonos, a ponto de Roger Bastide dizer, muitos anos depois quando esteve no
Brasil, que sua poética evocava “uma busca espiritual”. Cruz e Sousa, ao representar
a emulação de uma época, foi um dos fundadores da poesia moderna em língua
portuguesa. (J.S.)
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