Por Jayro Schmidt
Nos últimos meses
tenho procurado reunir documentos de e em torno de Érico Max Müller, poeta
nascido no interior de São Paulo, Santa Cruz do Rio Pardo*. Viveu por quase uma década em Florianópolis e participou
da Catequese Poética, iniciada em 1964, ano de publicação de seu primeiro
livro, Um anjo morto na encosta, seguido
por Ao corpo circunscrito, de 1966. Érico,
em Florianópolis, colaborou com poemas e artigos no jornal Ilha, uma raridade editorial, como também no jornal O Estado.
Por ter localizado Ao corpo circunscrito na Biblioteca da
UFSC, escrevi um ensaio, O poeta
esquecido, que foi publicado no caderno Cultura, do Diário Catarinense. Menciono isso porque, depois de algum tempo,
recebi e-mail de Roger Müller, irmão do poeta, agradecendo a façanha. E assim
uma porta se abriu no sentido de reunir o que for possível em torno do poeta,
cuja magnitude me proponho a não deixar ficar no esquecimento.
Roger Müller, que mora
em Curitiba e é professor universitário, aderiu ao meu propósito e tem me
enviado raridades como esta foto de Érico aos 32 anos, e com um comentário que
faz parte da história doméstica, cuja imagem comprova: “diziam ele ser parecido
com um rabino, inclusive rabinos o paravam pelo que me informaram”.
Érico, na época que
viveu em Florianópolis, não ostentava esta barba, porém sua fisionomia não
deixava de transmitir certa aura mística, como transmitem seus poemas.
Por falar nisso,
mostrei a foto do poeta às moças que trabalham comigo e que dignificam a graça
humana, Luciana e Aline, perguntando a elas o que poderia ter sido ele. Aline
disse que foi “baterista”, e Luciana, que acertou em cheio, que foi “escritor”.
De qualquer maneira, a
resposta de Aline não está longe do que acontecia nos recitais da Catequese
Poética e nos pessoais de Érico. Ele tinha uma impostação de voz que, como diz
esse nome, ia do mais brando ao mais agudo – de batidas sonoras, vamos dizer –
e de tal maneira que a sua voz se parecia com a voz dos poemas ditos de memória
ou com verificações espaçadas em páginas soltas que deixava sobre um engradado
de madeira, no qual tremulava a luz de uma vela.
Este era o cenário do
poeta, esta foi a vida do poeta.
* Nota da redação: Corrigido o que foi informado no dia da publicação desse post, Érico viveu mas não nasceu em Blumenau. (R.S.)
4 comentários:
Información bibliográfica
Título Ao corpi circunscrito
Volumen 2 de Os Guardiões e os guardados
Autor Erico Max Müller
Editor Edições Livros da Ilha, 1966
Procedencia del original Universidad de Texas
Digitalizado 11 Ene 2008
N.º de páginas 42 páginas
Olá, Anônimo. Também cheguei a esta procedência dentre as pesquisas na tia net, mas, por outras vias tenho obtido muitas coisa sobre e de Érico que, certamente, serão imprescindíveis para o que estou me propondo: escrever sobre este poeta.
Oi Jayro, acho lindo esse trabalho de pesquisar a vida de um poeta-escritor e depois nos honrar com sua obra. Boa sorte. Como que eu não li no caderno de cultura do DC, quando foi?
Abs!
Oi, Mariza: vou dar uma olhada na data que foi publicado. Meu propósito é esse e, aos poucos, com o empenho do irmão do poeta muitas coisas estão chegando; daqui uns dias sai outro post sobre o primeiro livro do Érico, que é uma raridade.
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