segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Pedras não morrem


Por Jayro Schmidt


Originar e originar-se são qualidades que identificam os melhores poetas, como Fernando Karl, que tira poemas da jugular oriente da palavra.
E assim ele diz: “Quando nasce um poeta, nasce um silêncio”.
Nasce o poema do alvejar, alvorecer, amanhecer, luzir, clarear, iluminar, resplandecer, cintilar, refletir, brilhar, centelhar, reverberar, lustrar, polir, aclarar, brunir, rutilar, aureolar, deslumbrar, repontar, romper, lucidar, esclarecer, chamejar, faiscar silêncios.

 Escultura de Constantin Brancusi
 Escultura de Constantin Brancusi


           A PEDRA E A MÃE MORTA

           A mãe morta é bela porque é a delicadeza
           se dissolvendo.

           Com machado de ferro quebra-se a pedra.
           Clareza fixa e rústica, a pedra,

           se cortada em duas,
           são duas pedras mais belas que a mãe morta,

           porque pedras não morrem,
           mantêm a delicadeza.

Para Fernando Karl, as palavras se dizem por conta própria, conferem “respiração” às próprias palavras. Dizia Heidegger que é a linguagem que fala, não o homem.
Palavras que lembram as supremas curvaturas do balustrino, do escrópulo e do cinzel.



Um comentário:

Daniel Ballester disse...

un hombre come lo que vomita el sol debajo del plano
se anima
nace en la desembocadura sin espacio
es el momento justo
para contar una buena historia que no pertenezca a
este incendio


hades, oropel perdido del Inframundo
tu hermana
viene oferente a traer su alimento
su cereal
su digital guadaña cachuza

la destrucción de la muerte se llama
perséfone
gato inmortal
invisible, impensable
atravesando las calles sin otro nombre que la noche
misionero refugio que no vemos pero está