Originar e originar-se são qualidades que
identificam os melhores poetas, como Fernando Karl, que tira poemas da jugular oriente
da palavra.
E assim ele diz: “Quando nasce um poeta,
nasce um silêncio”.
Nasce o poema do alvejar, alvorecer,
amanhecer, luzir, clarear, iluminar, resplandecer, cintilar, refletir, brilhar,
centelhar, reverberar, lustrar, polir, aclarar, brunir, rutilar, aureolar,
deslumbrar, repontar, romper, lucidar, esclarecer, chamejar, faiscar silêncios.
Escultura de Constantin Brancusi
A PEDRA E A MÃE MORTA
A mãe morta é bela porque é a delicadeza
se dissolvendo.
Com machado de ferro quebra-se a pedra.
Clareza fixa e rústica, a pedra,
se cortada em duas,
são duas pedras mais belas que a mãe morta,
porque pedras não morrem,
mantêm a delicadeza.
Para Fernando Karl, as palavras se dizem
por conta própria, conferem “respiração” às próprias palavras. Dizia Heidegger
que é a linguagem que fala, não o homem.
Palavras que lembram as supremas curvaturas
do balustrino, do escrópulo e do cinzel.
Um comentário:
un hombre come lo que vomita el sol debajo del plano
se anima
nace en la desembocadura sin espacio
es el momento justo
para contar una buena historia que no pertenezca a
este incendio
hades, oropel perdido del Inframundo
tu hermana
viene oferente a traer su alimento
su cereal
su digital guadaña cachuza
la destrucción de la muerte se llama
perséfone
gato inmortal
invisible, impensable
atravesando las calles sin otro nombre que la noche
misionero refugio que no vemos pero está
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