domingo, 11 de novembro de 2012

Ação do coiote (Joseph Beuys)

Redação do blog



Caroline Tisdall
I like America and America likes me, 1974, foto de Caroline Tisdall



A obra de Joseph Beuys, 1921-1986, tem o sentido da reanimação, conceito proposto para se obter conhecimento elementar. A ação do coiote, com duração de cinco dias na Galeria René Block em Nova York, é um dos exemplos mais completos em nome da animalidade perdida, um dos nucleares temas da cultura do norte europeu. A ação, aktion, para Beuys reunia happening, acontecimento, e performance, desempenho. O título, para quem conhece o artista alemão, dirigia-se a seus admiradores e seguidores, isto é, a uma mínima parcela de pessoas que acreditava, como ele, na cura do organismo social por meio da afetiva e efetiva animação da sensibilidade humana. Muitas vezes Beuys foi duramente criticado por ter protagonizado essa política artística de fundo messiânico. Em Paris ele foi agredido fisicamente quando participou do Fluxus, grupo formado nos anos 1960 a partir de estratégias de Yves Klein e Piero Manzoni que visavam aproximar artistas asiáticos e europeus. Aleatórios e anarquistas que tinham como objetivo transformar a arte em energia capaz de liberar o indivíduo e a coletividade de qualquer repressão, notadamente psicofísica e política. Era isso o que Beuys vinha fazendo, e a ação do coiote foi mais longe por articular a semiótica viva e crítica da cultura imperialista que dizimou a cultura anímica dos peles-vermelhas. Durante o convívio com o coiote, além de Beuys remontar ao semiótico na sua aplicação medicinal entre os gregos, com a bengala e o manto de feltro ocorreu a evocação dos cultos xamânicos voltados para a reintegração dos sentidos através dos animais. No caso do coiote, o aprender a superar o aspecto maléfico que esse animal representa, enquanto Beuys recebia diariamente as edições do New York Times. O status quo norte-americano não gostou de Joseph Beuys, o artista de uma lenda germânica. (J.S.)



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