Redação do blog
I
like America and America likes me, 1974, foto de Caroline Tisdall
A
obra de Joseph Beuys, 1921-1986, tem o sentido da reanimação, conceito proposto
para se obter conhecimento elementar. A ação do coiote, com duração de cinco
dias na Galeria René Block em Nova York, é um dos exemplos mais completos em
nome da animalidade perdida, um dos nucleares temas da cultura do norte
europeu. A ação, aktion, para Beuys
reunia happening, acontecimento, e performance, desempenho. O título, para
quem conhece o artista alemão, dirigia-se a seus admiradores e seguidores, isto
é, a uma mínima parcela de pessoas que acreditava, como ele, na cura do
organismo social por meio da afetiva e efetiva animação da sensibilidade
humana. Muitas vezes Beuys foi duramente criticado por ter protagonizado essa
política artística de fundo messiânico. Em Paris ele foi agredido fisicamente
quando participou do Fluxus, grupo
formado nos anos 1960 a partir de estratégias de Yves Klein e Piero Manzoni que
visavam aproximar artistas asiáticos e europeus. Aleatórios e anarquistas que
tinham como objetivo transformar a arte em energia capaz de liberar o indivíduo
e a coletividade de qualquer repressão, notadamente psicofísica e política. Era
isso o que Beuys vinha fazendo, e a ação do coiote foi mais longe por articular
a semiótica viva e crítica da cultura imperialista que dizimou a cultura
anímica dos peles-vermelhas. Durante o convívio com o coiote, além de Beuys
remontar ao semiótico na sua aplicação medicinal entre os gregos, com a bengala
e o manto de feltro ocorreu a evocação dos cultos xamânicos voltados para a
reintegração dos sentidos através dos animais. No caso do coiote, o aprender a
superar o aspecto maléfico que esse animal representa, enquanto Beuys recebia
diariamente as edições do New York Times.
O status quo norte-americano não
gostou de Joseph Beuys, o artista de uma lenda germânica. (J.S.)
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