quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Anemoi

Poema de Daniel Ballester


Litografia de Jayro Schmidt


Sem criatividade a gente se burocratiza
se torna homem concreto
repete palavras de outro.                     Eduardo Pavlovsky


O mesmo passa com o vento quando meneias teu cabelo e se volta ao Princípio
Do som da rua
Gestos de tremenda piedade se salvam de morrer afogados
Graças à intervenção divina desta opacidade chamada lua.

Os tons rasgados da praça se derramam na dissonante noite
E caem no chão
Qual gotas do rio seco sobre a fortuna dos enfermos.

De há pouco voltei a juntar os pedaços
Que haviam ficado grudados a um tango
E me pus a tossir uns compassos com o pé batendo no piso.

Fumar faz bem
Acalma os alvéolos
Purifica os poros
Afugenta feras
Sopra pianos.

Ui! Tua mente parece endobrar-se ao redor da pele do vento!
Juntos somos juncos capazes de enfrentar todas as corredeiras
Com você me sinto forte, com você sou pecado e libertação
Juntos
Que não passarão.

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