Por Jayro Schmidt
Por ser uruguaio, Luis Viderbost simplesmente chamou
seus desenhos de apuntes,
apontamentos, que tem o sentido do anotar.
Como os desenhos também conotam as anotações através
de outra escrita, esta da imagem, os apuntes
são esboços, estudos preparatórios das obras.
Além disso, Luis Viderbost acrescentou o insólito aos apuntes, que é o Sr. Kingston, o que lembra os personagens das narrativas de
aventuras típicas de Júlio Verne.
Por outro lado, a ideia de esboço cabe perfeitamente
porque todos os desenhos foram feitos após o trabalho durante um mês, como
atividade de descontraimento no desenhar ao sabor do momento, da circunstância,
no caso o artista recolhido no quarto de um hotel, deitado de bruços e com
apenas o bloco de papel apoiado na cama, e empunhando a caneta esferográfica.
A imaginação não precisa de muitos aparatos para se
manifestar. Aliás, apresenta-se com todo vigor na mente, o que envolve memória
ou o deixar-se levar para outros planos, na realidade passagens de uma camada
para outra que o artista tem a capacidade de expressar.
Essa expressão, como não poderia deixar de ser,
envolve subjetividade, monólogo interior, relação imediata entre o consciente e
o inconsciente ou entre a vigília e o sono.
Pois são essas dimensões anímicas que estão nos
desenhos de Luis Viderbost, esboços que são as próprias obras, compondo
imagens-fantasmas às vezes com apelos eróticos.
E como se trata de esboços, as fantasmagorias brotaram
do ato em si, dos traços que foram dando vida aos impulsos psíquicos do artista
receptivo à pareidolia, que é a projeção de fantasmas interiores. Essa
atividade subliminar tem parentescos com o arqueológico e o mitológico.
Desta maneira, os vinte e sete desenhos de Luis Viderbost,
com esmerada técnica nos envolvem com traços que se voltam para dentro e assim revelam
o que habita as cavernas do onírico, nas quais está o imaginário do artista,
tornando-o palpável, visível.
Um comentário:
O bras il do goço
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