Uma foto que acidentalmente encontrei na internet me fez pensar outra vez em acaso, coincidência e coisas do gênero.
Logo vou avisando que sou amigo do acaso.
De tanto trabalhar com o acaso, fui sendo trabalhado por ele a ponto de dizer que talvez nem mais exista para mim.
Estive nesse lugar muitas vezes no passado, a Alameda Adolfo Konder, na cabeceira da ponte Hercílio Luz.
Achava que ali poderia ficar invisível ou, para não exagerar, mais privado, comigo mesmo.
Mas, como assim, num lugar tão exposto, à vista de todos?
Têm coisas que não se explicam ou não precisam. Fico com ambas as alternativas.
O fato é quando via, estava lá, assim como está o homem da foto, olhando a cidade, um pedaço dela que praticamente não existe mais.
Não se sabe muito bem o que ele olha, pois seu olhar vai além do que podemos ver na imagem fotográfica. E que pensaria ele?
Anos atrás, portanto antes de descobrir a referida
foto, fiz uma litografia que tem um misterioso parentesco com ela. Fazem parte
de uma mesma persistência da memória apesar de suas diferenças.
O homem da amurada também olha o que não podemos ver.
De tanto olhar, como olha o homem da foto, não estaria ele ouvindo alguma coisa
específica?
Pode ser ou ninguém saberá.
3 comentários:
Hay que ver detrás de la palabra
como quien ouve
o grito
antes del amanecer.
Necesitè revisar o texto da fuligem necesaria.
Caro Ballestero: de fuligem em fuligem alguma palavra por dentro das cinzas. O sentido está nas cinzas.
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