Desolado
por ter matado uma barata, explico a Carla que nesta noite não faremos amor.
Não
nasci para matar baratas, lhe digo, matá-las me provoca um sentimento espantoso
de servidão.
Parece-me
que o que você não quer é trepar comigo e pões a culpa nas baratas, disse.
Tens
razão.
Às
vezes, quando estou acariciando a cabeça do gato, sinto que o universo me
obsequiou um prazer estranho atado ao conhecimento somente comparável ao prazer
de fazer amor com Carla, mas acontece que a natureza do estio amassa a luz do
moribundo verão com a sola de meu velho sapato assassino.
No
esconso humano sempre há um farol, uma sombra e um ruído de ossos radiantes
pedindo depredação e extermínio.
Prestes
a ter sua comida, o gato fareja algo que não sei na cozinha e se lança atrás
dele.
Eu
espero que volte com sua presa entre os dentes enquanto afago a curva calada da
espalda de Carla, mordida, dormida, sonhada.
5 comentários:
Depois de tanto tempo sem ler um texto seu, tinha me esquecido como eles me são afins.
Grande Ingo. Grande Ró. Grande Grande Grande
Daniel
quem diria que depois de alguns anos sem contato, eu e você viramos blogueiros!
um abraço
Intento aprender. Almenara é algo serio. Constuye uma sòlida alternativa. Grato de poder participar Ró. Feliz.
Daniel
grato estou eu, com a sua colaboração. se dependesse de mim. a poeira tomaria conta do blog.
aliás, fiquei de te agradecer por email. tenho dificuldade de achar o teu email. depois pergunto pro jayro.
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