sábado, 25 de agosto de 2012

Desolado

por Daniel Ballester


Desolado por ter matado uma barata, explico a Carla que nesta noite não faremos amor.
Não nasci para matar baratas, lhe digo, matá-las me provoca um sentimento espantoso de servidão.
Parece-me que o que você não quer é trepar comigo e pões a culpa nas baratas, disse.
Tens razão.

Às vezes, quando estou acariciando a cabeça do gato, sinto que o universo me obsequiou um prazer estranho atado ao conhecimento somente comparável ao prazer de fazer amor com Carla, mas acontece que a natureza do estio amassa a luz do moribundo verão com a sola de meu velho sapato assassino.
No esconso humano sempre há um farol, uma sombra e um ruído de ossos radiantes pedindo depredação e extermínio.

Prestes a ter sua comida, o gato fareja algo que não sei na cozinha e se lança atrás dele.
Eu espero que volte com sua presa entre os dentes enquanto afago a curva calada da espalda de Carla, mordida, dormida, sonhada.




5 comentários:

Ingo Schmidt disse...

Depois de tanto tempo sem ler um texto seu, tinha me esquecido como eles me são afins.

Daniel Ballester disse...

Grande Ingo. Grande Ró. Grande Grande Grande

Anônimo disse...

Daniel

quem diria que depois de alguns anos sem contato, eu e você viramos blogueiros!

um abraço

Daniel Ballester disse...

Intento aprender. Almenara é algo serio. Constuye uma sòlida alternativa. Grato de poder participar Ró. Feliz.

Anônimo disse...

Daniel

grato estou eu, com a sua colaboração. se dependesse de mim. a poeira tomaria conta do blog.

aliás, fiquei de te agradecer por email. tenho dificuldade de achar o teu email. depois pergunto pro jayro.