segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Guerreiros

Georg Trakl


GRODEK

Am Abend tönen die herbstlichen Wälder
Von tödlichen Waffen, die goldnen Ebenen
Und blauen Seen, darüber die Sonne
Düstrer hinrollt; umfängt die Nacht
Sterbende Krieger, die wilde Klage
Ihrer zerbrochenen Münder.
Doch stille dammelt im Weidengrund
Rotes Gewölk, darin ein zürnender Gott wohnt,
Das vergoßne Blut sich, mondne Klühle;
Alle Straßen münden in schwarze Verwesung.
Unter goldnem Gezweig der Nacht und Sternen
Es schwankt der Schwester Schatten durch den schweigenden Hain,
Zu grüßen die Geister des Helden, die blutenden Häupter;
Und leise tönen im Rohr die dunkeln Flöten des Herbstes.
O stolzere Trauer! Ihr ehernen Altäre,
Die heiße Flamme des Geistes nährt heute ein gewaltiger Schmerz,
Die ungebornen Enkel.

grodek

GRODEK

No anoitecer soam florestas outonais
De armas mortíferas, as planíceis douradas
E lagos azuis, por cima o sol
Lúgubre circunda; a noite envolve
Guerreiros agonizantes, o lamento selvagem
De suas bocas mutiladas.
E na campina reúne-se
Neblina vermelha, onde habita um deus irado,
O sangue derramado, frescor lunar;
Todos os caminhos desembocam em negra putrefação.
Sob ramos dourados da noite e estrelas
Oscila a sombra da irmã no mudo bosque,
Para saudar os espíritos dos heróis, cabeças exangues;
E os juncos ecoam serenos as escuras flautas do outono.
Oh, orgulhoso luto! Vós, férreos altares!
Hoje se alimenta de dor horripilante a chama ardente do espírito,
Os netos que não nasceram.


Tradução de Luiz Carlos Mesquita e Jayro Schmidt


Georg Trakl, Salsburgo, Áustria, 1887-1914. Esteve na frente de batalha em Grodek, na Galícia, durante a Primeira Guerra Mundial, em 1914. Com alguns conhecimentos de farmácia, cuidou dos feridos, e, ao retornar, escreveu Grodek, seu último poema, aos 27 anos.


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