quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Maquinaria do mundo

Poema de Erly Welton Ricci






“Não é verdade
que a Natureza seja muda. Fala ao deus-dará
e a única esperança é que não se ocupe
muito da gente”.  Eugenio Montale



1.
de gemidos estico a corda                           
invocada na laringe dos muros

de dor recolho os olhos
oposto ao surto,
do sumo

2.
mudo como quem vai
do arco ao ideograma da voz
sem rumo

sonora sombra que anda e expande
entre a porta e a rua que resumo

3.
de silêncio
atiro
no centro alvo
e negro
do cúmulo
que acumulo

4.
não é verdade que a besta ruge
o ronco do crepúsculo
é para o surdo

5.
a dor está no ferro
resíduos sobre telhados
entre muros
e asfalto tomado
pelos dementes
qu’empu
nhados de aços e ossos
obrigam ao salto
no escuro

6.
a natureza incognoscível
é mãe da dor
aliviada
de estultices e mitos duros
ímpetos cegos
automáticos sentidos

7.
aos signos
mais obscuros
sigo
na maquinaria
do mundo



Um comentário:

Daniel Ballester disse...

DELANTE DEL DOLOR UN CORAZON HERIDO REPOSA SU LUZ
FUERA DEL DOLOR UN CORAZÓN HERIDO REPOSA SU SOMBRA