Redação do blog
Julio Cortázar (1914-1984), escritor argentino nascido
em Bruxelas. Viveu em Paris e motivou o boom
da literatura Latino Americana.
A responsabilidade de Cortázar foi com a linguagem,
mesmo de conteúdo político. É por isso que as teorias ideológicas pouco
serviram e servem para abordá-lo. Tanto é que ao comentarem a sua obra, os
teóricos ideais erraram em todos os sentidos como o tempo se encarregou de
mostrar.
Sábio o tempo e sábio Cortázar que dele fez a sua
matéria predileta, porém em outra dimensão por não ter deixado de exercer a
“suspensão da incredulidade” de Coleridge. E foi aí e de seus arredores que o
combateram enquanto tirava ouro do nariz ou ria como Kundry ao ver o globo
terrestre estremecer. Um riso crítico, naturalmente.
Além disso, ou quem sabe por isso, poucos estavam
dispostos a admitir que sua palavra fizesse do lúdico uma desconstrução da
realidade, o que o situou como um dos mais completos inovadores de condutas que
estão prescritas no ensaio-manifesto “Teoria do túnel”, que vai direto ao alvo
em seu início ao dizer que a redução do humano ao estético, a serviço de
ideais, foi um “radiante fracasso”.
Cortázar foi um gigante em capacidade mental, a ponto
de dizer que escrevia “desde um interstício”, chegando a uma ficção que pode
ser chamada de infrafina. (J.S.)
Um comentário:
OBJETOS PERDIDOS
Por veredas de sueño y habitaciones sordas
tus rendidos veranos me aceleran con sus cantos.
Una cifra vigilante y sigilosa
va por los arrabales llamándome y llamándome
pero qué falta, dime, en la tarjeta diminuta
donde están tu nombre, tu calle y tu desvelo
si la cifra se mezcla con las letras del sueño,
si solamente estás donde ya no te busco.
JC. Mendoza, Argentina 1944
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